Segundo O Estado de S. Paulo,
as empresas de telefonia que operam no Brasil tiveram uma expansão de
sua receita em 8,3% ao ano, desde 2005, e só reinvestiram 3% ao ano, no
mesmo período. Mais grave ainda é a revelação de que, desde a
privatização do sistema Telebrás, em 1998, as empresas investiram 390
bilhões, contra uma receita calculada em quase dois trilhões de reais.
Esse número é obtido pela informação dos dois principais dirigentes da
Oi e da Vivo, de que foram investidos mais ou menos 20% da receita
total. Se os investimentos foram de 390 bilhões, basta multiplicar por
cinco, para obter a receita total destes 14 anos. É bom lembrar que boa
parte dos investimentos foram bancados pelo BNDES, a juros de mãe
amorosa.
O Brasil é o paraíso dos investidores estrangeiros, nesse
sistema de colonialismo dissimulado. Há poucos dias, outro jornal, O Globo,
divulgava que as montadoras de automóveis lucram 3 vezes mais em nosso
país do que nos Estados Unidos. A margem de lucro dessas empresas, no
Brasil, é de 10%, enquanto nos Estados Unidos não passa de 3%. E não só
nos Estados Unidos os carros são muito mais baratos. Há modelos que
custam duas vezes mais no Brasil do que na França, e 30% mais barato ali
mesmo, na Argentina.
A defesa do interesse nacional recomenda medidas mais fortes de
parte do Estado. O governo, no entanto, caminha lentamente. A
restauração da Telebrás, iniciada timidamente, timidamente se
desenvolve. Há visível desinteresse do Ministro Paulo Bernardo em dar à
velha empresa nacional os instrumentos de sua reorganização e
funcionamento, para a universalização da banda larga no país.
A privatização das empresas estatais brasileiras foi decidida,
como todos sabemos, em Washington, com a articulação dos economistas
neoliberais, no famoso Consenso, que não ouviu os povos, nem examinou
criteriosamente os efeitos da globalização exacerbada da economia. Como
se recorda, o objetivo, claro e desaforado, da nova ordem que propunham
era o de acabar com a democracia política e sua substituição por um
governo de gerentes a serviço do sistema financeiro mundial. Nesse
sentido, chegou-se a um Acordo Mundial de Investimentos que,
simplesmente, colocava o dinheiro sem pátria acima dos estados
nacionais. Muitas das cláusulas desse acordo foram cumpridas pelo
governo neoliberal de então. E só a reação da França e do Canadá impediu
que o tratado espúrio fosse assinado, oficialmente, pelos governos
vassalos daquela época, entre eles, o do Brasil.
Hoje, os mais lúcidos economistas do mundo demonstram o erro
cometido pelos países que privatizaram suas grandes empresas. Entre
eles, dois prêmios Nobel – Joseph Stiglitz e Paul Krugman.
Se a privatização fosse realmente uma vantagem, os Estados Unidos
já teriam privatizado a TVA – fundada por Roosevelt, em 1933 – e a
Amtrak.
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